Crise econômica: conseqüências vão além do desemprego

A crise econômica na Europa e as medidas de austeridades impostas pelo FMI estão trazendo as populações, mais que miséria e desemprego. Na Grécia, uma onda de suicídios tem alarmado as autoridades. Invariavelmente os bilhetes e avisos deixados indicam a mesma causa. São pessoas que trabalharam uma vida toda, lutaram por uma sociedade mais justa e uma vida mais digna e se vêem, no fim da vida, sem aposentadoria ou com aposentadorias reduzidas, desempregadas, e sem condições de sequer se sustentar, quanto mais as suas famílias.

Os casos chamam a atenção porque no país as taxas de suicídio eram muito baixas, especialmente por que a Igreja Ortodoxa é contra o suicídio. Mas agora, foram 350 tentativas de suicídio e 50 mortes em Atenas apenas em junho. A maioria dos suicídios ocorre entre membros da classe média. Um farmacêutico de 77 anos, com uma longa trajetória de luta política, tomou a mesma decisão. Membro do movimento Não Pagaremos, ele pedia repetidamente por uma revisão internacional da dívida nacional da Grécia, porque estava convencido de que ela não era culpa do povo.

Numa manhã ele se recostou numa árvore na Praça Syntagma, palco de diversas manifestações políticas, segurou uma pistola e puxou o gatilho contra a têmpora. As palavras escritas por ele no bilhete de suicídio estão gravadas em uma placa de mármore: O governo aniquilou todos os traços da minha sobrevivência, que se baseava na pensão digna para a qual contribuí por 35 anos sem ajuda do Estado. Eu não vejo outra solução do que este fim digno à minha vida, para que não me veja revirando latas de lixo em busca de sustento. Estas palavras explicam não só a dele, mas a maioria dos casos de suicídio ocorridos na Grécia e em outros países em crise.

Assessoria de Comunicação